Vacina do HPV
Mitos, Verdades e Esclarecimentos Atuais
Muitas discussões surgiram na internet, midia televisiva, escrita, nas rodas de bate papo e inclusive entre médicos quanto a decisão do governo federal liberar a vacinação para HPV em julho de 2013.
As situações mais discutidas foram:
Esstímulo ao início da vida sexual,
Existem várias doenças sexualmente transmissíveis mais graves que o HPV, é o caso da infecção pelo HIV. É muito inocente imaginar que uma vacinação para apenas uma DST possa estimular ao início mais precoce da atividade sexual.
- Não haverá mais necesidade de realizar exames preventivos,
- Risco de doenças autoimune
- Risco de neuropatias
- Efeitos colaterais da vacina liberada Os efeitos colaterais mais freqüentes são mal estar semelhante à gripe e dor no local da injeção que não é intensa.
- Qual o motivo de liberar para meninas acima de 11 anos uma vez que os estudos que definiram a indicação de bula é para meninas após 9 anos de idade.
- Qual o motivo de liberar apenas para meninas de 11 a 13 anos
- Futuramente será liberado para outras idades?
- Qual o motivo de não vacinar os meninos?
- A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) em fevereiro de 2014 se posicionou publicamente referindo que cientificamente não tem estudos que confirme ser a vacinação mais eficaz que o exame de papanicolaou.
- A vacina tem eficácia confirmada?
- Tem mais paises que estão vacinando?
- Qual o motivo que o japão suspendeu a vacinação?
- Desde quando a vacina vem sendo estudada/
- Quantos casos foram vacinados no mundo…e no Brasil?
- A vacina da proteção ao câncer de colo uterino
- A vacina protege contra verrugas genitais
- Quem ja teve HPV pode ser vacinado
- Além dos 4 tipos de HPV da vacina pode dar proteção para mais tipos virais?
- A vacina para HPV pode ser associada a outras vacinas
- A vacina serve para tratamento
- Existem novas vacinas em estudo
Primeiras campanhas mundiais de vacinação contra o HPV começaram em 2006
A visão de que vacina é um estímulo à vida sexual precoce, por exemplo, baseia-se em preconceitos”, diz o especialista.
A infecção por HPV é considerada epidemia em vários países. “A incidência de câncer de colo de útero no Brasil, principalmente entre a população de menor renda, é alarmante. A vacina é uma boa aliada na prevenção deste tipo da doença e também do câncer de vulva, vagina e de pênis”, reforça. “Os estudos realizados até agora detectaram uma eficácia de 90% na prevenção de verrugas, 70% na prevenção de câncer vaginal e de colo do útero e 50% na prevenção do câncer de vulva”, acrescenta o médico.
fazer propaganda contra a campanha de vacinação é prejudicar a saúde pública brasileira
De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), desde que a vacinação contra o HPV foi introduzida, em 2006, 56% menos jovens entre 14 e 19 anos foram infectadas. A pesquisa foi publicada no The Journal of Infectious Diseases em junho de 2013. O diretor dos CDC, Tom Frieden, descreveu os resultados como um “chamado de advertência” de que a vacina funciona e deve ser mais utilizada. Atualmente, um terço das meninas estadunidenses entre 13 e 17 anos está completamente vacinada. ”
HPV E VACINA MITOS E VERDADES
a vacinação não elimina a necessidade da consulta ginecológica e do papanicolau.
Meninas são imunizadas no Distrito Federal, estado que antecipou a campanha de vacinação em 2013
. Desde que o governo federal divulgou, em julho de 2013, os detalhes sobre o programa de vacinação na rede pública, retornaram aos grupos de discussão na internet e às colunas dos jornais depoimentos que questionam a necessidade da imunização em massa. Além de argumentos religiosos e temores de que a vacina possa estimular o início da vida sexual entre as meninas, há também médicos que se posicionaram contra.
Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) divulgou carta informando que, de acordo com o conhecimento científico atual a respeito do tema, a instituição entende que não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz que a estratégia atual – o rastreamento por meio do papanicolau, no exame ginecológico.
Primeiras campanhas mundiais de vacinação contra o HPV começaram em 2006
A visão de que vacina é um estímulo à vida sexual precoce, por exemplo, baseia-se em preconceitos”, diz o especialista.
a infecção por HPV é considerada epidemia em vários países. “A incidência de câncer de colo de útero no Brasil, principalmente entre a população de menor renda, é alarmante. A vacina é uma boa aliada na prevenção deste tipo da doença e também do câncer de vulva, vagina e de pênis”, reforça. “Os estudos realizados até agora detectaram uma eficácia de 90% na prevenção de verrugas, 70% na prevenção de câncer vaginal e de colo do útero e 50% na prevenção do câncer de vulva”, acrescenta o médico.
fazer propaganda contra a campanha de vacinação é prejudicar a saúde pública brasileira
De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), desde que a vacinação contra o HPV foi introduzida, em 2006, 56% menos jovens entre 14 e 19 anos foram infectadas. A pesquisa foi publicada no The Journal of Infectious Diseases em junho de 2013. O diretor dos CDC, Tom Frieden, descreveu os resultados como um “chamado de advertência” de que a vacina funciona e deve ser mais utilizada. Atualmente, um terço das meninas estadunidenses entre 13 e 17 anos está completamente vacinada. ”
O câncer do colo do útero tem estimativa de 15.590 novos casos em 2014 no Brasil. Em 80% deles, há associação com o HPV e pelo menos 5.160 mulheres vão morrer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). É o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país. Se diagnosticado e tratado precocemente, há praticamente 100% de chance de cura.
“E há um tipo de câncer de colo de útero, o adenocarcinoma, que não têm ligação com o HPV. Cerca de 20% dos casos são dessa versão da doença. O papanicolau e a consulta com o ginecologista nunca podem ser deixados de lado”,
que é necessário mais esclarecimento da população em relação à prevenção do câncer de colo do útero. “A vacina contra o HPV é quadrivalente, ou seja, protege contra quatro tipos do vírus, sendo dois vinculados ao risco oncológico e responsáveis por 70% dos casos da doença. Entretanto, a mulher pode ter contato com algum dos outro tipos – são mais de 100 – ao longo da vida. A coleta citológica é imprescindível”,
No Brasil, no entanto, a cobertura é muito mais baixa do que o ideal. “Nas capitais, o quadro ainda é melhor. Mas há muitas cidades no interior que não têm profissionais capacitados. E quando há o médico, falta laboratório para fazer a análise. Além disso, o tratamento cirúrgico ou por radiofrequência das lesões é complexo. A imensa maioria dos municípios não tem acesso a ele” “Há regiões do país em que nem 30% das mulheres têm acesso ao exame. Como se isso não bastasse, temos problemas de coleta inadequada e análise laboratorial inadequada. Ou seja, temos desafios na abrangência, na qualidade da coleta e na precisão da interpretação do material. Além de ampliar e melhorar o treinamento de profissionais de saúde para realização do exame, é preciso investir também na qualidade laboratorial”,
todos os casos da literatura médica que, até hoje, foram apontados inicialmente como efeitos colaterais da vacina, acabaram descartados em investigações mais aprofundadas
O Ministério da Saúde realizou, em 30/10/2013, após a campanha Outubro Rosa, a reunião do Comitê de Mobilização Social para Prevenção e Tratamento do Câncer de Colo de Útero e de Mama. Entre os dados apresentados, registrou-se a coleta de 8 milhões e 816 mil amostras para o exame citológico em 2013. Destas, apenas 4 milhões e 735 mil haviam sido analisadas até aquele momento. Segundo dados da própria SBMFC, a cobertura do exame no Brasil está bem abaixo dos 80% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos. Essa realidade torna ainda mais evidente a necessidade de investimento nas duas estratégias. “Recebi pacientes que aguardaram mais de um ano para tratarem lesões pré-cancerosas. Quando chegaram até mim, o câncer já estava em estágio avançado.
o debate sobre tempo de intervalo entre exames deve ser prioridade na pauta. “A evolução do câncer genital é lenta, varia entre dois e dez anos. Como a rede pública está sobrecarregada, ampliar o espaço de tempo entre um exame e outro, de forma que favoreça a ampliação da cobertura, é uma estratégia a ser avaliada”
Essas informações não tem base científica, uma contra-propaganda que prejudica toda a saúde pública do Brasil”. “ Todos os casos da literatura médica que, até hoje, foram apontados inicialmente como efeitos colaterais da vacina, acabaram descartados em investigações mais aprofundadas. E olha que mais de 189 milhões de doses já foram aplicadas no mundo, um dos estudos mais importantes envolveu 13 mil pessoas. Um grupo recebeu a vacina. O outro, placebo. “A prevalência de doenças autoimunes, falência ovariana, síndrome de Guillain-Barré e outros supostos efeitos colaterais foi a mesma nos dois grupos; ou seja, as doenças surgiriam de qualquer maneira naqueles indivíduos.
Uma mulher norte-americana que apresentou fenômenos neurológicos após a imunização – paralisia, dificuldade de fala. O estudo clínico concluiu que ela tinha uma doença autoimune chamada lúpus, que pode levar à vasculite cerebral e provocar paralisia. O vínculo com a vacina foi descartado. O caso do Japão, que recentemente suspendeu a oferta de vacinas na rede pública e sempre é apontado como exemplo pelos grupos anti-vacina. ….isso pode ter acontecido de forma arbitrária. E a vacina não foi proibida por lá, ou seja, continua disponível, mas sem campanhas ativas.
A vacina contra o HPV é utilizada como estratégia de saúde pública em 53 países, incluindo Estados Unidos, Austrália, Canadá, Inglaterra, México, Colômbia e Suíça. Em 126 nações, no total, sua comercialização também é liberada. Parízio pondera, no entanto, que não se deve transferir o contexto de um país para outro. Segundo ele, as reações variam entre as populações, de acordo com características genéticas, hábitos de vida e fatores ambientais. “É claro que, como em todo e qualquer medicamento e vacina, existe a possibilidade de efeitos adversos. E é natural que os pais queiram saber mais sobre eles. Mas é preciso diferenciá-los de lendas urbanas. Pessoas que têm algum tipo de reação alérgica a levedura e fungos encontrados em fermento de pão, por exemplo, não devem ser vacinadas.
Os especialistas fazem coro com cientistas japoneses que, em agosto de 2013, publicaram na revista científica The Lancet um artigo comentando a decisão do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão. De acordo com o texto, a vacinação foi implantada em abril do ano passado, mas já em junho o ministério aconselhou governadores provinciais a não recomendar ativamente a vacina. No entanto, as unidades de saúde devem continuar a oferecer acesso aos pais que procurem a imunização. Diante da ‘enorme confusão’ criada, os cientistas apontam: a decisão foi tomada devido a temores de eventos adversos, principalmente a ‘síndrome de dor regional complexa’. “Mas o sistema atual de notificação de eventos adversos não segue um processo sistemático para a identificação de causalidade; é necessária uma abordagem científica rigorosa para investigar eventos adversos associados. A decisão de suspender o programa de vacinação foi tomada sem apresentação de provas científicas adequadas”, alerta o grupo no documento.
No artigo, há críticas em relação ao sistema de vacinação do Japão, que estaria sofrendo de ‘uma falha de governança’ que também se reflete em outros aspectos. Caxumba, pneumonia, rotavírus e hepatite B ainda não foram introduzidas no calendário de rotina, mesmo recomendadas pela OMS, ao mesmo tempo que outras vacinas (como Influenza tipo B e pneumocócica conjugada) foram introduzidas sem avaliação custo-eficácia adequada. “O Japão está experimentando atualmente uma epidemia de rubéola, com mais de 10.000 notificações, além de um número crescente de casos de síndrome da rubéola congênita, que poderia ter sido evitado por um programa de vacinação bem gerido. Tendo em conta estas falhas do passado e a presente confusão sobre a vacina contra o HPV, a reforma do sistema de vacinação japonês é essencial”, concluem os pesquisadores.
Uma das críticas dos médicos de família à campanha refere-se ao fato de ela não abranger todos os tipos de HPV. Resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório Merck Sharp & Dohme (MSD), a vacina aplicada no Brasil previne contra quatro tipos de HPV. Os tipos 6 e 11, responsáveis por verrugas genitais; e os 16 e 18, causadores de lesões pré-cancerosas e cânceres de colo do útero, vagina, vulva e ânus. Esses quatro tipos respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero em mulheres.
nem a vacina contra a poliomielite tem 100% de eficácia. Ainda assim, os resultados para a erradicação da paralisia infantil são indiscutíveis. “A vacina contra a gripe também não inclui todos os tipos de vírus e ainda assim contribui para reduzir internações e mortes de idosos em função dessa doença no país. Se a ciência ainda não consegue abarcar todos os tipos, vamos nos defender dos principais e mais perigosos”, defende. Ele rebate também a crítica de que a vacina só teve a eficiência avaliada em meninas virgens. “Isso também não é verdade. Mesmo uma mulher com vida sexual ativa, que pode ter tido contato com um tipo de vírus, por exemplo, pode se beneficiar da imunização e evitar o contágio dos outros tipos
E os meninos?
O HPV está associado também ao câncer de ânus, orofaringe e pênis. “É claro que os recursos para a saúde pública são escassos, mas é muito importante que possamos ter uma segunda etapa que inclua os garotos. Há poucas décadas, o câncer de garganta afetava quase sempre idosos, que fumavam e bebiam. Hoje, este perfil mudou e a doença cresce entre homens jovens, até 30 anos, muitos não fumam e nem bebem. Essa população também pode se beneficiar da imunização”, alerta o professor.
campanhas realizadas no exterior já dão bons resultados também com os meninos.
Os críticos da vacina do HPV apostam, além do exame papanicolau, em uma boa educação sexual, abstinência e fidelidade, dependendo do caso e da idade do público. A proposta, embora contenha boas medidas para evitar todas as doenças sexualmente transmissíveis, não inspira muita esperança em outros especialistas. “O cenário ideal inclui uma educação sexual efetiva desde a puberdade, diálogo aberto com os pais e uma coleta abrangente e qualificada no exame papanicolau. Como tudo isso está muito distante da realidade, a campanha de vacinação pode ser considerada como uma política pública importante e como estratégia conjunta.
O melhor método para evitar a gripe causada pelo vírus influenza, por exemplo, é evitar lugares fechados, não conversar de forma muito próxima com pessoas gripadas, não beijar quem está doente. É uma visão romântica. Na prática, isso não funciona, infelizmente. Por mais que haja informações e orientações, parte dos adolescente não usa preservativo, principalmente no sexo oral. Ao mesmo tempo que temos que conseguir uma adesão maior à camisinha, devemos investir em novas frentes de prevenção. E há também outras situações imprevisíveis – e se a camisinha estourar? Se os parceiros estiverem vacinados, o risco de contaminação pelo HPV, pelo menos, será muito menor. Não podemos ficar na base do ‘achismo’
Reforçando, a vacina jamais deve substituir o exame anual. E para aqueles pais que estão em dúvida, ele recomenda: converse com um especialista. Ou até dois. “A segunda opinião sempre é muito importante”, aponta.
Esta não é a primeira nem a última vez que surgem dúvidas em relação a vacinas, mas é importante avaliar bem a fonte das informações antes de tomar as decisões.
No dia 10 de março, o Ministério da Saúde integrou ao seu calendário a vacinação contra o vírus papilomavírus humano, o HPV, responsável por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde e usada em mais de 50 países, a vacina protege contra quatro subtipos do vírus e tem eficácia de 98%, segundo o MS. Para 2014, o órgão investiu em 15 milhões de doses e pretende vacinar 80% das meninas de 11 e 13 anos, faixa etária em que estão 5,2 milhões de brasileiras. No Recife, a vacinação nas escolas foi iniciada na segunda-feira, com expectativa de imunização de 36,2 mil meninas. Alguns pais estão receosos com possíveis riscos, sobretudo de efeitos colaterais.
Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) divulgou carta informando que, de acordo com o conhecimento científico atual a respeito do tema, a instituição entende que não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz que a estratégia atual – o rastreamento por meio do papanicolau, no exame ginecológico. No entanto, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, a vacina é eficaz e segura.
Apesar de aceita pela maioria da população, a imunização tem sido alvo de críticas e questionamentos, inclusive nas redes sociais, que vão desde a saúde das meninas ao investimento de R$ 1,1 bilhão para os próximos cinco anos. Técnica em enfermagem e mãe de três filhos, Priscilla Oliveira, 32 anos, tem uma filha na faixa etária recomendada, mas decidiu não autorizar a vacinação. Ela disse que, após fazer uma pesquisa, ficou insegura. “Quando você se depara com meninas que desenvolveram síndromes autoimunes, ainda que não sejam casos comprovados, não dá para autorizar que ela tome essa vacina”. Uma pesquisa britânica avaliou 997.585 garotas entre 10 e 17 anos (296.826 vacinadas), e apontou que não há evidência sobre a correlação entre a vacina e as doenças autoimunes.
A aplicação da dose já foi seguida de reações como náusea, dor no local da injeção e desmaios, mas os casos seriam ínfimos frente ao universo de pessoas imunizadas, segundo o ministério.
A técnica Priscila critica ainda o método de vacinação do MS, no qual crianças são previamente autorizadas e seus pais precisam desautorizar caso discordem. “Eles subentendem que os pais que não assinam termo de não-consentimento concordam com a vacinação quando, na verdade, esse documento pode nunca ter chegado a eles. Muitos não sabem ler e dessa forma seus filhos estão expostos”, opina.
Entrevista: Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde
“A vacina é eficaz e segura”
Em 2011 o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica onde não recomendava a vacina contra do HPV. O que mudou?
Em 2011 estávamos começando a discutir a introdução da vacina e precisávamos que fosse realizado um estudo de custo e efetividade. Como não havia urgência, seguimos analisando e estudando a vacina para usar no momento certo. Hoje, com os resultados esclarecidos e debatidos, acreditamos na importância de tê-la no calendário.
As meninas que forem vacinadas são expostas a algum tipo de risco de saúde?
É claro que numa escala de milhões, alguns eventos adversos serão registrados e é preciso investigá-los, descobrir se têm relação com a vacina ou o que chamamos de causa temporal, quando algum vírus está incubado e coincide sde se manifestar após a injeção, mas que não tem a ver com a vacina. Em 15 dias, vacinamos 1,7 milhão de meninas e não temos nenhum evento fora do esperado.
A estratégia de usar as escolas como local de vacinação está sendo criticada por alguns pais. Por que este método está sendo usado?
A dose também será aplicada nas escolas porque todas as observações demonstram que vacinações que usam essa estratégia conseguiram uma cobertura alta, com 80%. Muitas vezes as pessoas não têm a iniciativa de levar os filhos nos postos de saúde e a gente quer uma cobertura adequada. Tem vacina que a gente estimula que seja feita até dentro de shoppings para se aproximar do público alvo. Neste caso, fazer na escola é uma forma de garantir que iremos conseguir atingir a meta.
Alguns pais questionam a segurança e a eficácia da vacinação. Como o ministério vê isso?
Algumas hipóteses são fantasiosas e outros pontos foram discutidos pelo próprio Ministério, que concluiu que a vacina é segura e eficaz. Essas polêmicas lembram o ano 2000, quando o governo lançou a vacina de Influenza e as pessoas disseram que o governo queria matar os idosos para reduzir gastos com aposentadoria. Isso é um absurdo, mas o que prevalece são os fatos. Não temos nenhuma dúvida. Temos uma tranquilidade muito grande de que a vacina é eficaz e segura.
Saiba mais
O que é HPV?
HPV é a sigla em inglês para o papilomavírus humano. Com alta capacidade infecciosa e mais de 100 tipos, os vírus são transmitidos principalmente por via sexual, através do contato com a pele ou mucosa infectada, mesmo que não haja penetração. Os vírus também podem ser transmitidos de mãe para filho durante o parto.
Investimentos no Brasil
R$ 1,1 bilhão serão gastos com a vacina em 5 anos
R$ 31,02 é o preço que o governo paga por cada dose da vacina
R$ 20 milhões serão investidos na publicidade da vacinação do HPV
5,2 milhões de meninas devem ser vacinadas no Brasil
253.328 pernambucanas estão aptas a receber a vacina
30% das mulheres sexualmente ativas no mundo são infectadas pelo vírus em algum momento da vida
95% das pessoas infectadas não apresentam formas de manifestação
70% dos casos de câncer de colo do útero têm influência dos tipos 16 e 18 do HPV
13 tipos de HPV são considerados oncogênicos
15.590 novos casos de câncer do colo de útero são previstos pelo Inca no Brasil
970 destes casos são em Pernambuco e 180 no Recife
A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), iniciada nas redes de ensino em 10 de março, pretende reduzir a incidência do câncer de colo de útero no país pela imunização de meninas entre 11 e 13 anos. Mas embora a ação seja importante na luta contra o segundo câncer que mais mata mulheres no Brasil, a vacina não deve dar a sensação de proteção total e ser tomada como único método de prevenção, advertem especialistas.
A eficácia da vacina é de 98,8%, mas as três doses previnem contra apenas quatro tipos do vírus — dentre cem. Dois deles causam o câncer e dois são relacionados ao aparecimento de verrugas.
— Sabidamente são os mais relacionados ao câncer do colo uterino, mas ela não cobre outros que podem gerar infecção na mucosa vaginal, na vulva e no parceiro sexual — diz Sérgio Galbinski, ginecologista do setor de reprodução humana do Hospital Fêmina.
Desta forma, as consultas ginecológicas anuais, assim como os exames e o uso do preservativo, devem continuar sendo feitos, independentemente da idade sexual, pois previnem contra outras infecções ou doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como clamídia, sífilis, gonorreia, hepatite B e HIV.
— O risco que a pessoa tem de adquirir o HPV é o mesmo que tem de adquirir qualquer outro tipo de infecção por transmissão sexual — explica o professor de ginecologia da Faculdade de Medicina da UFRGS Paulo Naud, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A clamídia, por exemplo, é uma DST que não traz sintomas, mas ataca o colo do útero e pode levar à infertilidade (quando a mulher não consegue engravidar pelos métodos tradicionais) ou à esterilidade (quando perde a capacidade total de ser fértil).
Diferentemente da vacinação contra o HPV, que tende a começar cedo, os exames podem começar a ser feitos após a primeira relação sexual, quando há maior exposição à transmissão de DSTs. A periodicidade deve ser pelo menos anual, como uma forma de prevenção, e para que o tratamento, no caso de detecção de doenças, seja mais eficaz.
— Pelo tratamento precoce das infecções, tanto por HPV quanto por outras bactérias e vírus, é possível prevenir o câncer e os danos à capacidade reprodutiva — afirma Galbinski.
Papanicolau é o teste que nunca pode ser esquecido
Os especialistas ressaltam que o teste que não deve deixar de ser feito é o Papanicolau, exame que detecta células indicativas do HPV, assim como lesões pré-malignas ou malignas no colo uterino. A orientação do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que deva ser feito dos 25 aos 64 anos, pois mesmo quando a contaminação ocorre na adolescência, os sintomas do papilomavirus irão aparecer na segunda década de vida, aponta Naud. O professor também afirma que qualquer exame é apenas complementar à consulta médica.
A CAMPANHA
– Neste ano, a população-alvo da vacinação serão adolescentes do sexo feminino de 11 a 13 anos. Em 2015, serão vacinadas as meninas na faixa de nove a 11 anos e, a partir de 2016, de nove anos.
– Cada adolescente deverá tomar três doses, sendo a segunda seis meses depois da primeira, e a terceira, cinco anos após a primeira dose.
– Há vacinação nas escolas e em postos de saúde.
>>CHECKUP
Exames que devem ser feitos pelas mulheres, mesmo que tenham sido vacinadas contra o HPV
CONSULTA GINECOLÓGICA – ANUAL
– Médico verifica se há alterações ginecológicas visíveis, secreções, entre outras. Após a primeira menstruação, a dica é que se procure um médico quando o ciclo é irregular ou haja complicações. O mais indicado é que seja após a primeira relação sexual.
PAPANICOLAU, PREVENTIVO OU CITOPATOLÓGICO – ANUAL
– Mostra células que podem ser indicativas do próprio HPV, pré-malignas ou malignas. Também é possível ver as características bacteriológicas genitais (na prevenção de infecções). A partir dos 25 anos, ou quando houver indicação.
EXAME DIRETO – ANUAL
– Pela observação da secreção, o médico verifica se há infecção por fungos, como a gardnerella, por candida albicans, trichomonas vaginalis (doenças vaginais, sexualmente transmissíveis), e outras inflamações.
COLPOSCOPIA – ANUAL
– Verifica alterações no colo do útero, decorrentes de infecções, como o HPV, e direciona para a realização de biópsias. Dependendo da indicação médica, pode ser feito anualmente ou apenas quando houver lesões. Nesse caso, a indicação para realizá-lo pode ser trimestral ou semestralmente durante dois anos.
Teve início esta semana a campanha de lançamento da vacina contra o HPV para meninas de 11 a 13 anos no sistema público de saúde. Para enfatizar a importância da imunização, o evento organizado pelo Ministério da Saúde em São Paulo reuniu a presidente Dilma Rousseff, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o prefeito da capital Fernando Haddad, além de várias outras autoridades. O esforço na divulgação não é à toa: por se tratar de uma vacina nova e um vírus sexualmente transmissível, o tema desperta receio nos pais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), autoridades sanitárias em todo o mundo e sociedades médicas brasileiras como a de pediatria e ginecologia e obstetrícia reiteram a importância da vacinação. Mas há médicos que não estão convencidos. E centenas de pais e mães, após encontrarem relatos de efeitos graves supostamente ligados à imunização, passaram a questionar se vale a pena autorizar que as filhas recebam a primeira dose na escola. Leia, a seguir, alguns fatos sobre o HPV e a vacina:
– O HPV (papilomavírus humano) infecta a pele e as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital (é considerada a doença sexualmente transmissível mais comum que existe). Pelo menos 13 tipos de HPV podem causar lesões capazes de evoluir para câncer.
– Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens.
– Os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero e também na maioria dos casos de câncer de ânus, vulva e vagina. Já os tipos 6 e 11 não causam câncer, mas são encontrados em 90% das verrugas genitais.
– O HPV é a principal causa do câncer do colo de útero, terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto. No ano passado, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), 4.800 brasileiras morreram desse tipo de câncer no país, a maioria de classes menos favorecidas.
– Na maior parte das vezes, o organismo combate sozinho o HPV. Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverão alguma forma de manifestação. Dessas, uma pequena parte evoluirá para câncer caso não haja diagnóstico e tratamento adequado. O HPV tem sido associado, cada vez mais, a casos de câncer de boca e garganta, e em idades cada vez mais baixas.
– O uso de preservativo ajuda, mas não protege 100% contra o HPV, já que o vírus pode estar áreas que não estão cobertas pela camisinha. Qualquer tipo de atividade sexual pode transmitir o HPV, não apenas a penetração. E tanto homens quanto mulheres podem estar infectados sem apresentar sintomas.
– Não há tratamento específico para eliminar o vírus. O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo. Após ser tratada, a pessoa ainda pode voltar a se reinfectar.
– A vacina quadrivalente contra o HPV (Gardasil) utilizada na campanha brasileira, protege contra 4 tipos de HPV (6, 11 ,16 e 18). Apesar de gratuita apenas para meninas de 11 a 13 anos (e, futuramente, para todas as meninas de 9 a 13 anos), ela é aprovada para homens e mulheres de 9 a 26 anos. A vacina bivalente (contra os tipos 16 e 18) é aprovada sem limite de idade. Clínicas particulares também oferecem a vacina para pessoas acima dessa faixa etária, por considerar que há benefício.
– O Ministério da Saúde adotou um esquema vacinal diferente do previsto na bula da vacina quadrivalente, que estabelece a segunda dose deve ser administrada dois meses após a primeira, e a terceira dose, seis meses após a primeira. Na rede pública, a segunda dose acontece seis meses após a primeira e a terceira, apenas cinco anos depois. Segundo o governo, o esquema alternativo garante maior adesão.
– Como ocorre com todas as vacinas, as reações mais comuns são relacionadas ao local da injeção como, por exemplo, dor, vermelhidão e inchaço (edema). Os menos comuns são cefaleia e febre. Em geral, esses sintomas são de leve intensidade e desaparecem no período de 24 a 48 horas.
– A síncope (desmaio) pode ocorrer após qualquer vacinação, especialmente em adolescentes e adultos jovens. Portanto, as pessoas vacinadas devem ser observadas com atenção por aproximadamente 15 minutos após a administração da vacina.
– No Japão, o governo deixou de promover a vacina após o registro de síndromes dolorosas em cinco meninas. Os casos estão sendo investigados, mas a vacina continua disponível gratuitamente para a população interessada.
– A vacina quadrivalente contra o HPV está no programa nacional de imunizações de 62 países. Mais de 134 milhões de doses da vacina quadrivalente contra o HPV foram aplicadas no mundo.
– Há relatos de meninas que desenvolveram doenças autoimunes após tomarem a vacina. Eles são descritos em estudos científicos publicados e também háprocessos em curso contra a fabricante. Segundo médicos e a empresa, não há comprovação de que o produto foi a causa desses eventos.
– Nenhum estudo comprova que a vacina quadrivalente reduz a incidência de câncer de colo de útero. Como ela foi aprovada em 2006 e o HPV pode levar mais de 30 anos para se desenvolver, isso só será documentado dentro de algumas décadas.
– Alguns estudos mostram que a vacina reduz as infecções por HPV. Nos EUA, por exemplo, elas caíram pela metade após um terço das jovens entre 13 e 17 anos tomarem todas as doses da vacina.
Fontes: Inca (Instituto Nacional de Câncer), MSD, Ministério da Saúde e médicos consultados pelo UOL Saúde
@SAÚDE COM JAIRO BOUER: ESPECIALISTA TIRA DÚVIDAS SOBRE A VACINA
Em duas semanas, São Paulo vacina 56% do previsto contra o HPV
Desde 10 de março, quando campanha começou, mais de 451 mil meninas foram imunizadas no Estado
24 de março de 2014 | 16h 38
Fabiana Cambricoli – O Estado de S.Paulo
Mais de 451,4 mil meninas foram vacinadas contra o vírus HPV no Estado de São Paulo em duas semanas de campanha, aponta levantamento divulgado nesta segunda-feira, 24, pela Secretaria Estadual da Saúde. O número representa 56% da meta de vacinação, que é imunizar 808,3 mil adolescentes paulistas até o dia 10 de abril.
Veja também:
Rede municipal de ensino inicia vacinação contra HPV
Especialista defende vacina contra HPV em crianças e adolescentes
Indicada para garotas de 11 a 13 anos, a vacinação está sendo oferecida nos postos de saúde e em escolas públicas e particulares participantes. A secretaria não informou quantas meninas foram vacinadas em cada tipo de instituição. A vacina tem como principal objetivo prevenir o câncer de colo de útero e outros tumores causados pelo vírus HPV.
Das 451,4 mil vacinas aplicadas, quase um terço delas foi dado em garotas da capital paulista, que já imunizou 125,8 mil adolescentes. Segundo município com o maior número de doses aplicadas até agora, Campinas teve 41,7 mil imunizações.
A vacina contra o HPV é dada em três doses. Após a aplicação da primeira, a segunda deve ser dada em seis meses e a terceira, em cinco anos.
Tópicos: HPV, Vacinação, São paulo
Estadão PME – Links patrocinados
Baterias para carro, telefonia, notebreaks, alarmes e iluminação
Aqui você encontra cabos, acessórios, cintos, cordas e correntes
– Quantas vacinas contra HPV existem?
Resposta: Vários são os grupos pesquisando vacina contra HPV. Porém, os estudos mais adiantados são: vacina quadrivalente (HPV 6, 11, 16, 18) da Merck Sharp & Dohme (MSD); vacinas bivalentes (HPV 16, 18) da Glaxo Smith Kline (GSK), Instituto Nacional do Câncer (Estados Unidos) e Instituto Butantan (Brasil).
– De que é feita a vacina? É vírus morto? É vírus atenuado?
Resposta: A ciência médica nos últimos anos avançou muito nas questões envolvendo a biologia molecular. O que há trinta anos parecia impossível, hoje é coisa corriqueira nos grandes centros de pesquisas sobre genética.
Conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV (gene) que codifica para a fabricação do capsídeo viral (parte que envolve o genoma do vírus). Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), entre outros sistemas, como células de inseto, se obteve apenas a “capa” do vírus que em testes preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos. Essa “capa” viral, sem qualquer genoma em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus (em inglês, virus like particle – VLP). Na verdade, é um pseudo-vírus. O passo seguinte foi estabelecer a melhor quantidade de VLP e testar em humanos na prevenção de lesões induzidas por HPV. Cabe dizer que cada tipo viral tem a correspondente VLP para uso como vacina. Assim, uma vacina bivalente tem duas VLP (16, 18). Já uma vacina quadrivalente tem quatro VLP (6, 11, 16, 18).
Para que não paire dúvidas sobre o constituinte e poder não infeccioso das VLP imagine um mamão inteiro. Dentro haverá um monte de sementes (material genético) que caindo em um terreno fértil poderá originar um (ou mais) mamoeiro. Mas, se todas as sementes forem retiradas do interior do mamão, ficando tudo oco, mesmo que esse mamão seja acondicionado em um bom terreno jamais dali nascerá um pé de mamão.
No caso das VLP elas imitam o HPV fazendo com que o organismo identifique tal estrutura como um invasor e produza contra ele um mecanismo de defesa, de proteção.
Esse sistema é bem conhecido, seguro e usado há muito tempo com a vacina contra a hepatite B.
Na sua fabricação não envolve derivados de células humanas e não possui risco de causar qualquer doença infecciosa.
– Como se dá a proteção pela vacina?
Resposta: Ainda estamos aprendendo muito com a vacina contra HPV. Tem sido observado que após a administração, por via intramuscular, de dose de vacina contra HPV acontece uma enorme produção de anticorpos circulantes (no sangue periférico) e que se mantém, em níveis elevados, durante anos.
Na instalação da infecção pelo HPV de forma natural também existe o aparecimento desses mesmos anticorpos. Porém, os níveis são geometricamente bem inferiores quando comparados com os níveis pós-vacinal. Muitos pesquisadores têm atribuído a esse fator (altíssimos níveis de anticorpos) a proteção contra as lesões induzidas pelo HPV. Tem se falado que com essa explosão de anticorpos é fácil para eles chegarem nos locais onde, posteriormente, ocorra, de forma natural, a introdução do HPV e então debelar os vírus no momento inicial da infecção. Assim, não haveria a proliferação do HPV nos tecidos e conseqüentemente não ocorreria doença (sintomas).
Para o vírus da hepatite B isso é o que acontece. Todavia, em outras doenças, como HIV/Aids, embora também ocorra uma explosão de anticorpos circulantes, esses anticorpos não são suficientes para evitar que a infecção progrida e se torne uma grave doença.
É possível que os altos e mantidos níveis de anticorpos seja o principal fator de proteção. Mas, não ficaremos surpresos se existirem outros mecanismos que, ainda, não foram desvendados.
O fato principal é que após esquema vacinal completo contra HPV as pessoas têm apresentado proteção contra os tipos de vírus usados em cada preparação.
Cabe, ainda, dizer que até hoje, e já se passaram muitos anos e com o uso em milhões de pessoas, não se conhece o verdadeiro mecanismo de proteção conferido pela vacina para Bordetella pertussis, leia-se coqueluche.
– É por via oral ou é injeção?
Resposta: É por via intramuscular – injeção de apenas 0,5 mL cada dose.
– Quantas doses são?
Resposta: A vacina quadrivalente contra HPV (MSD) está sendo proposta em três doses, a saber, 0 dia, 60 dias e 180 dias. Já a vacina bivalente (GSK), também em três doses, mas sendo, 0 dia, 30 dias e 180 dias.
– Quanto tempo dura o efeito da vacina?
Resposta: Os estudos clínicos estão mostrando que cinco anos após a administração da vacina quadrivalente contra HPV ainda persiste a proteção contra verrugas genitais e neoplasias intra-epiteliais do colo uterino.
– Vai ter necessidade de reforço ou dose suplementar? Se SIM, quanto tempo depois?
Resposta: Até o momento sabe-se que a proteção, após esquema vacinal completo (três doses) tem durado mais de cinco anos. Existe estudo sendo conduzido no sentido de se fazer uma quarta dose de reforço. Entretanto, será necessário esperar mais tempo para uma resposta definitiva.
– Tem graves efeitos colaterais?
Resposta: Os resultados dos ensaios clínicos (de todas as vacinas contra HPV) publicados em revistas internacionais de corpo editorial rígido não apontam para esses problemas. Os efeitos adversos mais destacados são mal estar tipo gripe e dor no local da injeção. Porém, freqüentemente, de leve intensidade.
– Alguém já morreu pela vacina?
Resposta: Não temos conhecimento desse grave efeito colateral até a presente data.
– A vacina contra HPV tem efeito teratogênico?
Resposta: Até a presente data não existe qualquer relato sobre dano para o feto caso a mulher engravide no curso de esquema vacinal contra HPV. Verdadeiramente, a experiência é muito pequena para uma conclusão confiante. Somos de opinião que uma pessoa que queira engravidar em seguida a administração das doses de vacina contra HPV espere, pelo menos, um mês após a aplicação da terceira dose. Havendo gravidez entre os intervalos das doses o médico assistente deve ser avisado. Tentando uma correlação com outra vacina fabricada com os mesmos princípios (partículas semelhante a vírus) e que se possui uma vasta experiência, a vacina contra hepatite B, o esperado é que nada de mal ocorra para o bebê. Hoje temos confiança em vacinar contra hepatite B mulheres grávidas. Todavia, como as infecções não são idênticas, o correto, para nós, é evitar vacinação contra HPV em mulheres grávidas. Pelo menos até que tudo fique bem documentado. E isto pode levar anos.
– Será que tomando vacina contra uns tipos pode aparecer resistência para outros tipos de HPV como ocorre nos casos de resistência aos antibióticos?
Resposta: Não é comum que vacinas selecionem ou induzam o aparecimento de espécimes resistentes como acontece freqüentemente com antibióticos e quimioterápicos antiinfecciosos. Se o produto fosse uma droga antiviral isso teria chance de acontecer. Como acontece no caso da terapia antiretroviral para o HIV.
– Tem reação cruzada (imunogenicidade) com outros tipos de HPV? Ou seja, tomando vacina contra uns tipos fica também protegida para outros?
Resposta: Os estudos estão mostrando aumento significativo nos níveis de anticorpos de alguns tipos de HPV geneticamente bem próximos aos empregados em cada vacina. Assim, começa-se a acreditar que pode haver imunidade cruzada para um ou dois tipos apenas de HPV. Cabe, entretanto, dizer que esses aumentos nas taxas de anticorpos valem para um ou dois tipos virais de cada classificação: alto grau (16, 18) ou baixo grau (6, 11). Todavia, os estudos não têm demonstrado que tomando uma vacina contra HPV 16, 18 (SIL/NIC) ter-se-á proteção para os HPV 6, 11 (condilomas acuminados).
– Os veículos e adjuvantes das vacinas possuem papéis relevantes na proteção contra as doenças?
Resposta: Não podemos definir, hoje, que os produtos usados como adjuvantes nas vacinas contra HPV têm algum papel diferente de apenas ser um adjuvante. O que devemos lembrar é que o principal de uma vacina é o antígeno que serve como imunizante. No caso aqui, as partículas semelhantes a vírus. Vale lembrar que os placebos (soluções inócuas que servem de controle para os testes de eficácia das vacinas) são os próprios adjuvantes usados nas vacinas. E nesses grupos não se têm observado qualquer efeito protetor. Por outro lado, devemos esperar que algum estudo confirme ou não se um determinado adjuvante de uma vacina potencializa o efeito imunizante da vacina contra HPV.
– Quem deve ser vacinado?
Resposta: As pesquisas clínicas envolvendo grupos com vacina e grupos com placebo publicadas até agora revelam resultados de vacinação em mulheres de 15 a 25 anos de idade.
Houve, por outro lado, pesquisa onde o objetivo era saber a imunogenicidade (produção de resposta imune) em meninos e meninas de 9 a 15 anos. Neste estudo observou-se que os meninos apresentaram pico de anticorpos maiores que as meninas. E mais, quanto menor a idade maior foi o nível de produção de anticorpos.
Por tais motivos, o pedido de licença de comercialização da vacina foi feito para pessoas de 9 anos de idade ou mais.
As pesquisas clínicas com o objetivo de avaliar proteção contra doenças (condiloma acuminado-verruga genital e neoplasia intra-epitelial do colo uterino) que já foram concluídas e publicadas em revistas científicas são com pessoas de 15 a 25 anos de idade.
Em 8 de junho de 2006 a agência norte-americana FDA (Food and Drugs Administration) deu parecer favorável ao pedido de liberação da vacina quadrivalente contra HPV feito pela MSD. Quer dizer: aprovaram a vacina quadrivalente contra HPV 6, 11, 16, 18 para aplicação em pessoas do sexo feminino na faixa etária de 9 a 26 anos. Este parecer serve para a comercialização nos Estados Unidos. O órgão brasileiro similar ao FDA, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 28/08/2006 aprovou a vacina quadrivalente da MSD para uso em meninas e mulheres com 9 a 26 anos de idade.
A vacina quadrivalente contra HPV já foi aprovada, também, no México, na Austrália e no Canadá.
– Qual é o nome da vacina aprovada?
Resposta: O nome internacional da vacina da MSD é Gardasil® (inglês: gard de guardião e sil de lesão intra-epitelial escamosa). Todavia, a legislação brasileira, para vacinas, não permite a comercialização com nome de marca, mas com a função da vacina. Assim, nesse caso, no Brasil, o rótulo terá que constar: Vacina Quadrivalente Recombinante contra HPV 6, 11, 16, 18.
Vale, ainda, adiantar o nome internacional da vacina bivalente contra HPV 16, 18 da GSK que é Cervarix® e que na Europa a vacina quadrivalente recombinante contra HPV 6, 11, 16, 18 da MSD tem o nome de Silgard®.
– Como saber se a vacina pegou?
Resposta: Ainda não sabemos como responder. Como não existem comercialmente os reagentes e nem as metodologias disponíveis para uso na prática médica não temos como dosar as taxas de anticorpos. Mas, podemos afirmar que em todos os estudos as pessoas vacinadas tiveram altas taxas de produção de anticorpos.
– É necessário fazer a pesquisa de HPV antes de tomar a vacina?
Resposta: Com os conhecimentos atuais esse procedimento não está sendo usado. Vale, ainda, dizer que, também, não é necessário o exame prévio de Papanicolaou para as adolescentes ou mulheres sem atividade sexual que decidirem fazer uso da vacina contra HPV.
– Uma pessoa que já teve SIL/NIC pode tomar a vacina?
Resposta: Como sabemos, hoje, que lesão intraepitelial escamosa do colo uterino (SIL) ou neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) tem a participação de HPV é possível, inicialmente, imaginar que quem teve tal problema não terá benefício se receber uma vacina contra HPV. Entretanto, sabemos, também, que, muitas vezes, apenas um tipo viral está envolvido nesses problemas. Assim, uma vez que as vacinas em estudos possuem dois (GSK, INC, Butantan) ou quatro (MSD) tipos de HPV uma proteção contra os outros tipos não envolvidos na primeira infecção poderá ser benéfica para a pessoa. No caso específico da vacina quadrivalente, como as NIC/SIL possuem curso bem distintos das lesões de verrugas genitais, também conhecidos de condiloma acuminado a proteção mais ampla é esperada.
É correto, entretanto, que se diga que em várias situações mais de um tipo viral está envolvido nos casos de NIC.
Resumindo, de alguma forma, mesmo que menor é esperado que uma pessoa com passado de NIC/SIL tenha alguma proteção recebendo vacina contra HPV. Não conhecemos estudos envolvendo tais situações, mas o raciocínio clínico e lógico indica para algum benefício na vacinação, principalmente para a vacina quadrivalente.
– Quem já teve verruguinha/condiloma acuminado no genital pode tomar a vacina?
Resposta: Aplicam-se aqui as mesmas explicações da resposta anterior.
– Quem teve exame positivo para HPV pode tomar a vacina?
Resposta: Novamente devemos aplicar nesta resposta o mesmo raciocínio das duas perguntas anteriores. Ter tido um exame positivo para um tipo de HPV não traduz que a pessoa está ou vai ter as lesões causadas pelo HPV. Pode, o que é freqüente, ser apenas uma positividade transitória. Ou seja, a pessoa entrou em contato com o vírus, mas o sistema imune, sozinho, conseguiu debelar a infecção. Como as vacinas possuem mais de um tipo viral haverá, de rotina, o desenvolvimento de proteção para os tipos de HPV não envolvidos no exame positivo.
Porém, não podemos omitir que os estudos recentes publicados sobre vacina contra HPV (monovalente, bivalente ou quadrivalente) foram com pessoas com exames prévios negativos, tanto para DNA-HPV como para anticorpos contra HPV.
– Alguém teve outro tipo de neoplasia/câncer causado por HPV em outra área do corpo que não a genital mesmo tomando vacina contra HPV?
Resposta: Pelo que sabemos não existe relato de câncer causado por HPV em área extragenital em pessoa que fez uso de vacina contra HPV.
– Como uma pessoa pode saber se tem anticorpos contra o HPV?
Resposta: Ainda não existem, de forma comercial e rotineira, esses exames para uso na prática médica. Os pesquisadores usam a dosagem de anticorpos em avançados centros de pesquisa e apenas em indivíduos voluntários que participam de pesquisas em vacinas contra HPV.
– Após ser vacinada contra HPV a pessoa pode transar sem preservativo?
Resposta: Uma vacina protege contra o agente infeccioso específico. Assim, uma pessoa vacinada contra alguns tipos de HPV ficará protegida contra as doenças causadas pelos tipos virais da vacina. Quem receber vacina bivalente contra HPV 16 e 18 ficará imunizada contra esses vírus e suas patologias (neoplasias intra-epiteliais). Uma pessoa que receber vacina quadrivalente contra HPV 6, 11, 16 e 18 terá uma proteção maior. Pois ficará protegida contra doenças mais comuns dos HPV 6 e 11 (condiloma acuminado – verruga genital) e também dos HPV 16 e 18 (neoplasias intra-epiteliais). O uso de preservativo (masculino ou feminino) terá ação contra outras doenças de transmissão sexual que ainda não possuem vacina, como HIV, herpes genital, clamídia, sífilis…
– Havendo grande aceitação na aplicação da vacina contra HPV será possível imaginar que, no futuro, os casos de câncer de colo de útero aumentem muito à custa de outros tipos de HPV que não estão nas vacinas e porque, também, as pessoas vacinadas vão perder o medo e ter mais relações desprotegidas?
Resposta: Não acreditamos que isso se torne uma verdade. Dito assim pode parecer uma proposta negativista ao avanço que as vacinas causam no bem estar da humanidade.
Na história das vacinas em humanos não conseguimos recuperar relatos similares. Não aconteceu isso com a poliomielite, varíola, raiva, rubéola, hepatite A, hepatite B, tétano, coqueluche, difteria, meningococo C, pneumococo…
Pelo contrário, a população que usa de proteção das vacinas acaba tendo mais entendimento dos problemas e agregam mais valores de proteção para a sua saúde e de seus familiares. Não é fato rotineiro uma pessoa tomar vacina contra hepatite A e sair por aí tomando qualquer água ou banhando-se em águas sujas.
– Está sendo muito falado de estudos em mulheres. Se realmente é uma DST, os homens não serão vacinados?
Resposta: Esperamos que um dia a vacina contra HPV também seja aprovada para uso em homens. Ainda não terminaram os ensaios clínicos envolvendo pessoas do sexo masculino para que a pergunta seja respondida de forma convincente. Queremos crer que em mais um ou dois anos teremos uma boa resposta sobre a vacinação em homens, especialmente para os adolescentes.
– Com quantos anos deve-se iniciar o exame de preventivo?
Resposta: De uma maneira geral, o exame de Papanicolaou está indicado para o rastreio do câncer de colo uterino três anos depois de iniciada a vida sexual ou com 25 anos de idade. O que acontecer primeiro. Todavia, muitos médicos e muitas mulheres preferem ter um exame de base assim que existir coito vaginal. Isso pode levar um vínculo maior da mulher com o sistema de saúde, pois outras situações podem ocorrer como, DST/HIV, gravidez não planejada, disfunção sexual…
– Como será o rastreio do câncer do colo uterino depois que uma pessoa tomar a vacina contra HPV? Qual o tempo de intervalo? Será necessário continuar fazendo exame preventivo?
Resposta: Ainda não se pode ter plena certeza qual será o modelo ideal para todas as populações. O tempo e as pesquisas vão, no futuro, responder melhor essa pergunta. Entretanto, somos de opinião que, por enquanto, não se deve mudar o esquema de exame de Papanicolaou, ou seja, fazer anualmente. Com dois exames negativos em um intervalo de um ano, o exame pode ser repetido a cada dois anos, pelo menos.
Por outro lado, é pertinente dizer que o FDA (EUA) já aprovou o teste de pesquisa de HPV por técnica de biologia molecular (captura híbrida) para ser usado em mulheres com mais de 30 anos com a visão de combater o problema de câncer de colo de útero.
No Brasil, os setores específicos do Ministério da Saúde ainda não fizeram propostas de modificação no rastreio do câncer de colo uterino.
– Qual será o preço da vacina?
Resposta: Como o produto acabou de ser liberado pela ANVISA (28/08/2006) só em alguns meses é que teremos a sua comercialização. Assim, o preço final para o consumidor brasileiro ainda não está anunciado.
Todavia, devemos destacar que o preço de um produto farmacêutico está ligado ao custo de desenvolvimento (pesquisa), benefício esperado e atingido, oferta e procura, políticas públicas de saúde entre outros.
Nos Estados Unidos da América, onde a vacina já está sendo vendida o preço aproximado é de U$ 120,00 cada uma das três doses. Vamos acreditar que as empresas envolvidas, junto com os gestores públicos, com a sociedade civil organizada, uma vez que o poder aquisitivo no Brasil é bem menor que nos EUA, consigam fazer com que o preço aqui seja significativamente menor.
– Será dada pelo Governo como a da gripe, Rotavírus e poliomielite, entre outras?
Resposta: Poderia ser uma atitude ousada nesta fase. Queremos crer que assim que os números de pessoas usando a vacina, ficando protegidas, diminuindo os casos de câncer causados pelos HPV, diminuindo o número de casos de verrugas genitais e os substanciais gastos envolvidos no diagnóstico e tratamento dessas doenças os governos se sensibilizarão para as questões de saúde pública e poderão, como fizeram com outras vacinas, como hepatite B, disponibilizar uma vacina contra HPV na rede básica de saúde. Evidente que será necessário, uma vez que a quantidade comprada será de milhões de doses, um bom ajuste de preço.
– Vai ter vacina contra HPV associada contra outra doença?
Resposta: Acreditamos que sim. Pois, já existe estudo sendo conduzido envolvendo as vacinas contra HPV e contra hepatite B administradas simultaneamente.
Num ensaio de futurismo associado a grande otimismo e profundo desejo é nossa opinião de que estamos assistindo ao nascimento de um produto que, em breve tempo poderá ter associação multi-viral anti-DST. Sonhamos com uma vacina envolvendo antígenos imunógenos contra hepatite B, HPV, HIV e HSV (herpes vírus). O nome bem que poderia ser SexVax ou VaxSex. Como, no Brasil, as vacinas não podem ter nome de marca, por aqui será chamada, carinhosamente, de tetrasexviral.
Também acreditamos que junto com a pílula anticoncepcional e o Viagra® a vacina contra HPV será um importante marco para a sexualidade humana.
– Fala-se tanto de HPV, mas qual é o tamanho do problema?
Resposta: É muito grande. Acredita-se que cerca de 50% da população sexualmente ativa em algum momento da vida cruza com o HPV. Estima-se que: 30 milhões de pessoas, em todo o mundo, tenham lesões de verruga genital/condiloma acuminado; 10 milhões de pessoas apresentem lesões intra-epiteliais de alto grau em colo uterino e que ocorrem no mundo 500 mil casos de câncer de colo uterino anualmente.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), informa a ocorrência de 18.000 casos novos a cada ano de câncer de colo uterino. E que, cerca de 4.000 mulheres morrem a cada ano vítimas de câncer de colo de útero.
Sabe-se que 11% de todos os casos de cânceres que acometem as mulheres são causados por HPV. Pois, além de lesões em colo uterino (os principais) os cânceres por HPV podem ser em vulva, vagina, ânus, orofaringe, cavidade bucal e laringe.
Cabe, ainda, dizer que embora não seja nem se transforme em doença maligna os condilomas acuminados causam, por vezes, altos custos para tratamento, falta ao trabalho (absenteísmo), seqüelas locais (por conta de cirurgias, cauterizações) e importantes traumas emocionais, entre outros. Isso tudo é agravado porque em muitos casos a recidiva é grande fazendo com que a pessoa com quadro de verruga genital tem que fazer mais de dez visitas ao médico.